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À minha avozinha querida,
Que pena que partiste antes que eu aprendesse a entender a
paixão que tinhas por teu berço – Lisboa!
Bem verdade que te fostes aos 91, mas me perdoa por ter dado
ouvidos a quem nada conhecia do tanto que soubestes amar a tua terra natal; às
tuas irmãs e sobrinhos - também lisboetas; aos teus filhos e, especialmente, a
dois dos teus 7 netos que, por sorte minha, uma era eu – a primeira - o outro,
meu irmão caçula.
Ainda tenho na lembrança os estalos de teus repetidos e exagerados
beijos em nós dois; sim, porque nunca conseguiste disfarçar a predileção por
estes dois filhos do teu filho único varão, que tanto amavas também.
Ele, o caçulinha de teus netos, já se foi também – tu sabes
– e cedo demais. Teriam vocês se encontrado?
Vó Delmira, recebe esta homenagem tão tardia, mas que tanto
me encantou elaborar, que tanto me emocionou cantar com o coração cada um dos
fados que me propus escolher e que, desde pequena, aprendi o que diziam te
ouvindo cantá-los.
Com todo meu amor de já também anciã,
Delza
